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Como
prevenir o consumo de álcool e remédios entre os adolescentes
É aos 12 anos que os adolescentes começam a experimentar
substâncias que causam dependência e podem ser a porta de
entrada para outros tipos de droga. Veja como prevenir.
Quando se pensa em drogas, poucas famílias percebem o perigo de
substâncias que estão ao alcance do adolescente, às
vezes na própria casa, como bebida, medicamento e cigarro. O fato
de serem legais faz com que os riscos sejam minimizados e cria um terreno
propício para o uso precoce. “No mundo, o período
crítico dessa iniciação é dos 12 aos 16 anos,
mas no Brasil ela se concentra entre 12 e 14 anos”, aponta o pneumologista
Sérgio Ricardo Santos, coordenador do Núcleo de Apoio à
Prevenção e Cessação do Tabagismo (PrevFumo),
da Unifesp. Além da precocidade, o padrão de consumo também
preocupa.
Dois estudos sobre o perfil e a ingestão de drogas no país
trazem dados importantes. A boa notícia é que a incidência
da experimentação vem diminuindo graças a fatores
como o aumento de informação por parte da população,
maior inclusão escolar e o envolvimento crescente das escolas na
prevenção; a má é que os relatos de uso freqüente
(seis ou mais vezes no mês) nesse grupo aumentaram. O II Levantamento
Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes
do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública nas 27 Capitais
Brasileiras, de 2004, e o II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas
Psicotrópicas no Brasil, abrangendo as 108 maiores cidades brasileiras
e publicado em 2007, foram conduzidos pelo Centro Brasileiro de Informações
sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), do departamento de psicobiologia
da Unifesp, sob supervisão do professor Elisaldo Carlini. Ele lembra
que as drogas, lícitas ou ilícitas, causam dependência
e fazem mal à saúde.
Proteção, prazer e risco
Também a motivação para o uso é a mesma: a
busca de gratificação imediata. “É uma característica
da sociedade atual, cujo consumismo cria a expectativa de que todos os
desejos se realizem em curto prazo, de preferência no shopping mais
próximo”, afirma Hélio Deliberador, coordenador do
curso de psicologia da PUC-SP. Mas, se parece impossível mudar
a sociedade de uma hora para outra, os pais podem ficar alertas a alguns
fatores que aumentam ou diminuem o risco de o filho se envolver com drogas.
E devem agir bem depressa em caso de perigo.
Pais que não usam drogas,estão atentos ao filho e cultivam
o diálogo e o respeito ajudam o adolescente a se manter longe das
drogas, acredita o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade
de Pesquisa em Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Unifesp.
Na outra ponta, o desafio é suavizar o impacto dos fatores de risco.
Significa, por exemplo, apoiar o filho na superação de dificuldades
escolares – o problema que mais vezes aparece associado ao consumo
de todos os tipos de droga. Um segundo grupo que precisa de atenção
é o dos portadores de transtornos de ansiedade, como hiperatividade
e déficit de atenção.
Eles se envolvem mais freqüentemente com essas substâncias.
A presença de usuários de drogas na turma de seu filho também
deve mobilizar a família. Proibir a amizade pode levar o adolescente
a mentir para não perder contato com o amigo. É mais eficaz
transformar sua casa em ponto de encontro e ficar de olho. Eventualmente,
uma conversa com os pais do amigo funciona. É bom ter claro que
o adolescente não é capaz de avaliar as conseqüências
dos seus atos. Cabe à família impor limites e saber com
quem ele anda, como e onde se diverte. Diante da constatação
de que o jovem usa drogas, é preciso questionar honestamente sua
capacidade de protegê-lo. “O erro maior das famílias
é adiar uma atitude em vez de buscar ajuda especializada”,
diz Laranjeira.
Na hora de abordar o assunto, a melhor forma de ser ouvida é munindo-se
de informação. “Apresentar dados concretos sobre os
danos ao organismo funciona mais do que uma abordagem moralista”,
recomenda o psicólogo Raul Aragão Martins, professor do
departamento de Educação da Unesp, em São José
do Rio Preto (SP). Em 2005, ele realizou o estudo Uso de Bebidas Alcoólicas
entre Adolescentes e atualmente pesquisa o que influencia o consumo. Chegou
à conclusão de que, para o jovem, essa é uma escolha
pessoal, sobre a qual não reconhece a autoridade dos pais. Saber
disso ajuda a evitar posturas autoritárias, que provocariam uma
reação de desafio.
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