|
|
COMO CONVERSAR COM O PACIENTE A
maioria dos pacientes em estado terminal procura falar sobre a angústia
da morte, a maioria deles quer ser ouvida, quer ser confortada, quer encontrar
na humanidade algum apoio que, muitas vezes, nunca teve durante seus anos
de saúde. O maior empenho está em desfazer, na medida exata, o culto ao ego que há dentro de cada um de nós. Esse culto ao ego é que faz com que a pessoa acredite e aceite a morte dos bilhões de seres humanos do mundo, menos a sua própria. Para ele não existe o curso natural dos acontecimentos biológicos a que todos seres viventes estão sujeitos. É o culto ao ego que faz o indivíduo se colocar sempre acima do todo a que pertence. O comportamento humano, maniqueísta, sugeria que podíamos viver, agir e aproveitar os prazeres da vida sem temer nenhuma punição depois, sem temer a morte, porque a morte não é nada para quem está vivo, pois, quando existimos a morte não existe e, quando a morte está presente, deixamos de existir. No entanto, apesar do discurso materialista sobre a morte apelar fortemente para a razão, se esforçando em deixar a emoção de lado, no ser humano normal o medo de morrer pode gerar um apego muito forte aos elementos do cotidiano, um desespero diante da possibilidade perder tudo o que colecionou durante a vida, com a morte. Para
a visão materialista dos filósofos iluministas do século
XVIII, a morte é o fim total e absoluto, é nada mais do
que a interrupção de um processo neurofisiológico,
um mero evento biológico. O apelo religioso deve ser considerado em primeiro lugar, independente da crença religiosa, a maioria das doutrinas ajuda a superar a angústia em relação à idéia de finitude, ajuda a encontrar respostas sobre por que se vive, por que se morre e o que acontece após a morte. Excetuando as crenças de teor punitivo, que normalmente atendem mais a aspiração de vingança do ser humano rancoroso do que uma sólida base teológica, a maioria das doutrinas conforta e consola diante da morte. Convém
ter sempre em mente que ninguém pode mudar o fato de que um dia
vai acabar, mas podemos mudar o modo de nos relacionarmos com esse fato.
|
||||||||||||
|