EFEITO DO ÁLCOOL NO CÉREBRO

O álcool cruza, com liberdade, a barreira protetora que separa o sangue do tecido cerebral. Poucos minutos depois de um drinque, sua concentração no cérebro já está praticamente igual à da circulação.

Por exemplo, um rapaz chega na festa um pouco ansioso, não conhece as pessoas, toma o primeiro copo de vinho ou de um destilado qualquer, fica um pouco mais relaxado, começa a conversar e se integra socialmente com mais facilidade. O que aconteceu em seu cérebro que justifica essa mudança? O álcool age em vários sistemas químicos cerebrais. Sua primeira ação é sobre a química do controle da ansiedade, o sistema GABA. A pessoa fica mais relaxada, tende a filtrar os estímulos e por isso interage melhor com os outros. Se ela chegou à festa muito ansiosa, com medo de ser criticada ou de estabelecer relações, uma pequena dose de álcool irá relaxá-la um pouco e a tornará menos perceptiva em relação aos outros e mais em contato consigo mesma.

O álcool é uma substância complexa com ação farmacológica muito variada. A partir do momento em que o consumo aumenta, ele pode agir não só no sistema de relaxamento, mas em outros sistemas do cérebro. Dependendo da quantidade ingerida e da química cerebral de cada pessoa em particular, o relaxamento inicial pode dar lugar à sonolência ou a muita agressividade.

Em pessoas que não costumam beber, níveis sangüíneos de 50mg/dl a 150 mg/dl são suficientes para provocar sintomas. Esses, por sua vez, dependem diretamente da velocidade com a qual a droga é consumida, e são mais comuns quando a concentração de álcool está aumentando no sangue do que quando está caindo.

Os sintomas da intoxicação aguda são variados: euforia, perda das inibições sociais, comportamento expansivo (muitas vezes inadequado ao ambiente) e emotividade exagerada. O bêbado fica muito emotivo e chora com facilidade. Essas diferenças de ação do álcool variam muito de pessoa para pessoa de acordo com a química cerebral de cada uma. Há quem desenvolva comportamento beligerante ou explosivamente agressivo. Uma minoria, porém, mesmo com baixas doses, fica muito violenta. Meio copo de cerveja pode desencadear reações totalmente descontroladas. É o que se chama de intoxicação patológica.

Algumas pessoas não apresentam euforia, ao contrário, tornam-se sonolentas e entorpecidas, mesmo que tenham bebido moderadamente. Segundo as estatísticas, essas quase nunca desenvolvem alcoolismo crônico.

Com o aumento da concentração da droga na corrente sanguínea, a função do cerebelo começa a mostrar sinais de deterioração, provocando desequilíbrio, alteração da capacidade cognitiva, dificuldade crescente para a articulação da palavra, falta de coordenação motora, movimentos vagarosos ou irregulares dos olhos, visão dupla, rubor facial e taquicardia. O pensamento fica desconexo e a percepção da realidade se desorganiza.

Quando a ingestão de álcool não é interrompida surgem: letargia, diminuição da frequência das batidas do coração, queda da pressão arterial, depressão respiratória e vômitos, que podem ser eventualmente aspirados e chegar aos pulmões provocando pneumonia entre outros efeitos colaterais perigosos.

O efeito paradoxal do álcool no cérebro é a falsa sensação de certa euforia e bem-estar que ele produz. A tendência é a pessoa imaginar que está falando coisas muito interessantes, perseverar na repetição das ideias e rir do que não tem graça. Seu pensamento fica empobrecido, mas ela não se dá conta disso. É desagradável conversar com uma pessoa alcoolizada, ela articula mal as palavras e o pensamento fica comprometido.

É muito ruim o convívio de quem não bebeu com alguém que esteja alcoolizado. O processo mental de pensar, sentir, raciocinar, planejar fica marcantemente alterado sob o efeito do álcool. Alcoolizadas as pessoas não elaboram emoções nem pensamentos complexos, porque desenvolvem certa rigidez de pensamento. Por isso, pessoas intoxicadas alegres e felizes podem tornar-se violentas num instante se algo estranho ou diferente acontecer, uma vez que perderam a agilidade e a flexibilidade do pensamento. Isso explica um pouco o número significativo de mortes que ocorre em bares da periferia de São Paulo. Os homens estão bebendo aparentemente em paz, mas basta que alguém fale mal do time do coração de um deles para que este saque o revólver e dispare um tiro. É uma situação de violência provocada pelo conceito cultural de lazer ligado aos bares e pela ação farmacológica do álcool que engessa muitos processos mentais.

A resistência aos efeitos colaterais do álcool está diretamente associada ao desenvolvimento da tolerância e ao alcoolismo. Horas depois da ingestão exagerada de álcool, embora a concentração da droga circulante ainda esteja muito alta, a bebedeira pode passar. Esse fenômeno é conhecido como tolerância aguda.

O tipo agudo é diferente da tolerância crônica do bebedor contumaz, que lhe permite manter aparência de sobriedade mesmo depois de ingerir quantidades elevadas da droga e ser suportadas com sintomas mínimos.

Em não-alcoólicos, quando a concentração de álcool no sangue chega à faixa de 300mg/dl a 400 mg/dL ocorre estupor e coma. Acima de 500 mg/dL, depressão respiratória, hipotensão e morte. Diversos estudos demonstraram que as pessoas capazes de resistir ao efeito embriagante do álcool, estatisticamente, apresentam maior tendência a tornarem-se dependentes.



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