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Álcool
no Brasil
Álcool
– incidência de alcoolismo por cirrose
Não
existe uma estatística confiável do número de alcoólatras
no Brasil. No mundo inteiro, esse número é geralmente calculado
com base numa correlação entre o consumo per capita de álcool
e o índice de cirrose hepática. O raciocínio é
baseado na presunção de que a maior causa das mortes por
cirrose hepática é o alcoolismo e que a causa de morte por
cirrose hepática consta na certidão de óbito. Isto
nem sempre acontece no caso de mortes por complicações cardíacas,
gastrointestinais ou neurológicas, causadas por álcool.
A estatística
útil e universal que resulta desta abordagem é que 10% da
população que consome álcool, torna-se dependente.
Isto é
confirmado nos Estados Unidos por um estudo mais completo, o “National
Longitudinal Alcohol Epedemiologic Survey”, que constatou que, em
1992, 27.5 milhões de pessoas abusaram e tornaram-se dependentes
do álcool, determinado pelo critério do DSM-IV, entre uma
população de 255 milhões, ou seja, 10.8% da população.
Estimando
10% da população para o Brasil de 171 milhões, em
julho de 1999, podemos projetar 17 milhões de dependentes de álcool.
Como o Brasil é um país jovem, com 30% da população
com menos de 15 anos , há cerca de 119 milhões de adultos,
dos quais podemos estimar uma população de quase 12 milhões
de dependentes de álcool.
Álcool
– incidência de alcoolismo por consumo
A presunção
é que o consumo per capita de álcool no Brasil é
o mesmo dos Estados Unidos
Os dados disponíveis para o consumo per capita por ano de álcool
puro nos Estados Unidos demonstra uma disparidade: a indústria
de bebidas estima em 6,8 litros e o governo em 2.8 litros no ano de 1997
.
Existe um
estudo sobre o consumo per capita de álcool puro por ano no Brasil,
baseado nos impostos e numa estimativa da produção de aguardente,
que conclui ser de 13.4 litros . Este número é irreal porque
nenhum país chega perto disto. (Portugal, Luxemburgo e França,
os de índices mais altos, não passam de 11.5 litros pessoa/ano.)
No
ano de 1999 o Brasil consumiu:
Utilizando
uma estimativa da população de 164 milhões, temos
5,8 litros de álcool puro por pessoa/ano no Brasil.
Temos que
considerar que o Brasil é um país jovem, com 30% da população
com menos de 15 anos, assim ,o consumo per capita por ano por adulto é
de 8.3 litros. Isto situa o Brasil entre os países que mais consomem
álcool, bem mais do que os Estados Unidos.
Existe um
fator, veementemente negado pela indústria de bebidas, que 80%
da população consome 20% das bebidas alcóolicas e
20% da população consome 80%.
“Dez
por cento dos bebedores de álcool consome mais de 60% de todo o
álcool vendido.”
“Cinco
por cento dos bebedores consome 42% de cerveja, vinho e distilados, e
20% consome 89% do álcool.”
“Cinco
por cento dos bebedores consome a metade do álcool produzido nos
Estados Unidos, 2.5% consome uma média de 12 doses por dia e consome
um terço do álcool; 10% bebe uma média de três
doses por dia e consome 64% do álcool; 50% consome virtualmente
todo o álcool consumido, sendo que a quantidade consumida pelos
outros 50% é insignificante."
Esses dados
apoiam a observação que uma porcentagem mínima da
população está consumindo uma quantidade enorme de
álcool, um indicador de alcoolismo.
Álcool
– Outros indicadores da incidência de alcoolismo no Brasil
Existem outros
indicadores mostrando que o consumo de álcool é alto no
Brasil:
• A
Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO) estima
que 12% da população da América Latina pode ser considerada
como bebedores abusivos.
• Um estudo na cidade do Recife, Pernambuco em 1997, consta que
88,2% das vítimas fatais de trânsito e 80,7% dos demais acidentados
tiveram álcool detectado em suas amostras de sangue.
• Segundo estimativas da Associação Brasileira de
Álcool e Outras Drogas (ABEAD), cerca de 75% dos acidentes fatais
no Brasil estão relacionados com o consumo de bebida alcoólica.
• Um levantamento de 3.114 crianças entre 9 e 18 anos chegou
à conclusão de que 54% são bebedores experimentais,
14% bebem regularmente de forma moderada e 5% podem ser considerados alcoólatras.
• A Associação Brasileira dos Departamentos de Trânsito
(Abdetran) realizou uma pesquisa nas cidades de Salvador, Recife, Brasília
e Curitiba onde foram colhidas informações entre mais de
1.1 mil vítimas de acidentes de trânsito, internadas em hospitais
ou cujos corpos foram encaminhados para os Institutos Médico-Legais
(IML). No total, 61% dos acidentados haviam ingerido bebida alcoólica.
• O Instituto Médico-Legal de São Paulo analisou a
presença de etanol no sangue de 3.311 vítimas de mortes
violentas. Das 354 que morreram no trânsito, 45,44% apresentaram
álcool.
• Uma análise dos 130 homicídios ocorridos em Curitiba,
entre 1990 e 1995, julgados entre 1995 e 1998, demonstrou que 58,9% dos
autores dos crimes e 53,6% das vítimas estavam sob efeito de bebidas
alcoólicas na ocorrência.
• Alcoólicos Anônimos tem 6.000 grupos no Brasil com
um número estimado de 121.000 membros participativos. O Brasil
é um país onde AA mais cresce. Considerando que AA existe
em mais de 150 países, os membros da AA no Brasil representam 18,4%
dos membros de AA fora dos Estados Unidos e Canadá. Também,
considerando que só 5% dos membros que entram em AA ficam mais
do que um ano, o número total de dependentes que circulavam por
AA nos seus 50 anos de existência no Brasil é enorme.
• Narcóticos Anônimos, que tem poucos anos no Brasil,
é a entidade paralela que mais cresce. Hoje estima-se que tem 600
grupos com 12.000 membros.
Porém,
com a soma de dados mais a experiência pessoal dos indivíduos,
porque a maioria conhece um dependente de álcool, podemos concluir
que o Brasil tem cerca de 10 milhões de dependentes de álcool
ou, com uma população de 164 milhões, 6.09% são
dependentes.
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pessoal, setembro, 2000 para Cerveja, Rum, Vodka e Vinho.
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informal estimada foi de 400 milhões de litros.
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